não foi a bebida,
nem os becos de rua,
nem os arcos da lapa,
nem por acaso o amigo,
nem o beijo à distância,
nem o dinheiro bem pago,
nem o moribundo do chão,
nem a noite de lua,
nem a grande obra,
nem o sereno formando-se,
nem a feiúra de tudo,
nem o calor antes cedo,
nem o frio mais tarde,
nem a roupa da moda,
nem a televisão barata,
nem a tourada do mundo,
nem o sangue berrado,
nem a palavra de Deus,
nem a rebeldia do velho,
nem o sorriso criança,
nem o romper do palhaço,
nem o primeiro e nem o último amor.
não foi a lata de lixo,
nem o ponto de ônibus,
nem a espera infinita,
nem a caminhada vadia,
nem o dia seguinte,
nem um pão com manteiga,
nem a lembrança da família,
nem a casa de volta,
nem a saudade do irmão,
nem o cachorro pidão,
nem um verso fundamental,
nem o melhor violão.
não foram os aplausos do público,
nem o perdão do país,
nem o exílio no ar,
nem o filho crescido,
nem a tia querida,
nem uma canção dos Beatles,
nem um livro de contos,
nem as fogueiras e as bruxas.
não foi uma caverna,
nem uma montanha,
nem uma ladeira romântica,
nem um caixão aberto.
não foi o trabalho honesto,
nem o cumprimento de um desconhecido.